Os códigos do trauma
Quando o corpo grita e ninguém escuta
As partes íntimas são invadidas por alguém que dizia ser do bem — e meu amigo.
O medo aciona sirenes.
Os sentidos se alertam: há perigo. Um grito tenta nascer, mas o abusador percebe o movimento. Aperta.
A dor provoca um gemido, e o nojo se grava na memória pela voz conhecida, que cheira a álcool:
“Tá vendo? Você gosta…”
O dia amanhece diferente, mesmo sendo sábado.
O café está à mesa, todos prontos — menos eu. A dor me distancia de quem deveria me escutar.
As necessidades machucam a carne, e os gritos silenciosos produzem algo novo na mente de quem aprendeu a falar outro dia.
De fora, ninguém imagina.
Ninguém vê que, dentro de casa, vive um predador — aquele que abraça a esposa sorrindo e visita o quarto das sobrinhas na madrugada, quando todos estão estranhamente dormindo.
Mesmo sem compreender exatamente o que aconteceu, o corpo registra. E a vida segue tentando manter tudo em ordem dentro de um sistema caótico.
Por fora, tudo parece normal.
Por dentro, o corpo grita — e o grito se transforma em medo, ansiedade, culpa, ou doenças que a medicina chama de físicas.
Dar nome ao que o corpo sente é o primeiro passo para libertá-lo.
Porque o trauma não vive apenas nas lembranças — ele vive no corpo, na respiração, nos músculos que endurecem para sobreviver, e nos silêncios que a mente constrói para continuar existindo.
Se você também sente que algo em você pede para ser ouvido, saiba que isso não é fraqueza — é o corpo pedindo cura.
Essa história é a primeira de uma série de histórias sobre o trauma e suas nuances…para não perder inscreva-se agora no Evento Dissecando o Trauma.
Por isso nasce o evento Dissecando o Trauma, um espaço para compreender o que está por trás do que você sente.
Uma jornada para transformar o que te feriu em força, clareza e libertação.
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