A história
não contada sobre o
joelho!
A história a seguir é parte do diálogo entre professor Fabricio e o policial Sr Palito retirado do livro Mapa Emocional da Dor para leigos!
O que você vai ler é uma crítica sobre o retrato do uso do poder sobre os joelhos dentro de uma narrativa inédita e instigante; veja por você!
Antes do dever, prefiro a diversão; por isso chamei o Sr. Palito para trocar uma ideia! Com a cara meio lerda, o vara de apanhar mamão entra no recinto tentando ser respeitoso, mas penso que ele já entende meus pensamentos sombrios.
— O senhor poderia me falar sobre a história dos joelhos, professor? — diz ele, sabendo que eu o chamo de Sr. Palito.
Bem, vamos ao joelho, varinha de apanhar mamão.
— O que o senhor disse?
— Nada nada vamos aos fatos!
Sabe que a Igreja, enquanto instituição, foi o maior projeto de marketing da história humana, né? Imagine o poder que esse pessoal adquiriu no tempo; mas o que mais me impressiona foi a capacidade de ajudar desenvolvida em mosteiros distantes das cidades na época. O problema estava nas grandes igrejas; pelo menos no começo foi assim.
Os chefões que mandavam nos soldados e reis da época, tudo começou ali, nas entranhas do Vaticano, e depois se espalhou para o interior de outras médias e pequenas igrejas!
A necessidade de poder corrompe o ego e manipula sua personalidade na esperança de que isso traga alívio às suas dores; e isso aconteceu demais na Igreja. Claro que em outras instituições também!
No caso, os padres deveriam ser os guardiões da sabedoria, pois são eles o elo entre nós, simples mortais, e Deus; na verdade, eles deveriam ser eunucos sem serem castrados! Mas o que poucos sabem é que essa obrigação pesa demais quando está associada à necessidade de poder e, por isso, na época medieval e no Renascimento, houveram muitos casos de violência.
Eles forçavam as belas mocinhas da cidade a se curvarem às divindades representadas por seus grandes e valiosos anéis.
A metáfora se transforma em realidade quando, no fundo da sacristia, em nome de Deus, a donzela e o padre montam esse enredo.
As donzelas se enfeitam para a missa dominical pela manhã. Mesmo que separadas dos homens, elas sempre dão um jeito de se encontrarem no fundo do beco.
O problema começa no fim do evento, quando a mãe, sem saber, oferece a presa ao predador, obrigando a filha a confessar seus pecados ao maior dos pecadores.
A má intenção caminha com o mal, por isso ela também não dorme. Com tudo organizado, os inocentes entram em cena para se ajoelharem por força do medo que esses agentes da fé imploram que seja feito.
De joelhos, a jovem donzela apoia suas mãos, sem saber onde, em busca de socorro, enquanto uma força externa é praticada contra sua cabeça para que tudo seja consumado. Nesse momento, o ato é praticado sem que ela entenda os motivos.
O medo cria a paralisia que faz a vítima pensar que está aceitando ou mesmo gostando do que é obrigada a fazer, simplesmente por não conseguir reagir. O medo causa reações distintas: de um lado, a fuga nos mostra um lugar seguro para chegar; do outro, a paralisia nos impõe as mais terríveis sensações, julgadas pelos demais que nunca chegaram perto de estar em mãos tão brutas.
— Sabe, Sr. Palito, é nesse momento que o problema, quer dizer, o trauma, começa a ser impresso na mente e no corpo de quem é abusado!
Na postura, as emoções são levadas a cada parte do corpo, causando marcas literais na pele e músculos. Os joelhos, que funcionam como o principal ativo desse processo, executam a função de abaixar e recolher o medo que sobra sempre para quem é inferior. O ato termina com os olhos fechados de terror de um lado e prazer do outro, enquanto um dos dois tenta se levantar com as pernas trêmulas.
O medo criado se enraiza e, sem pedir licença, infiltra suas energias frias nas articulações, esperando novos comandos, oferecidos depois do primeiro passo em busca de socorro. A linda donzela abre os olhos e tenta caminhar até a saída, mas a mente ordena o silêncio, que poderá ser eterno. Enquanto isso, o mesmo frio criado pelo medo começa a tomar conta de outros setores do corpo, formulando problemas secundários que mais tarde provam a teoria aqui ditada ao senhor.
Dor nos joelhos para sempre, dores cervicais, dor no alto da cabeça e fortes dores lombares durante a menstruação, que nunca mais voltará ao normal, são sequelas comuns. A mãe nunca saberá o que houve ali naquele dia, enquanto a donzela tenta mostrar as marcas que só ela vê nos joelhos.
— Esse é o efeito do Poder quando oferecidos às pessoas que não sabem liderar, meu amigo. Por isso estamos aqui cumprindo penas injustas. Mas, se não nós, quem? Não é mesmo?!
— Agora pare de chorar. Essa história aconteceu no passado e você nem conhecia a vítima!
— Desculpe, professor, mas é que minha esposa passou pela mesma coisa há 15 anos, aqui na nossa igreja!
— Então chore, varetinha de apanhar mamão. Depois de parar o choro, eu mostro como você vai ajudar ela a se livrar disso!
— Tá bom, professor. O senhor poderia me dar um abraço?
— Abraço? Você está de sacanagem comigo, né? Ok, ok, abracemos.