Os sons da guitarra
Você dorme próximo de quem ama e acorda longe, sem saber o que há além de quatro paredes. O medo pronuncia o próximo passo, deixando o pescoço tenso e dolorido; a coluna arde e a pele arrepia de frio.
Os sons da guitarra tocam alto, mas o infinito não escuta e nada ressona. Não existe fim ou fundo; o impulso não pode ser dado. O fosso, a foça, a fuça e os fatos não podem mais ser vistos!
De repente, a porta se abre e te levam. No caminho, percebe que é uma prisão. Como assim? Estaria sonhando ou tendo um pesadelo? Sinceramente, não sei, mas foi assim que tudo começou por aqui!
os documentos secretos
O que aconteceu aqui? Por que estaria preso? Quando a mente não para, ela agita, e os ombros lembram que um dia foram asas e nadadeiras.
Os guardas mostram sua força, operando em ombros elevados e bíceps contraídos dentro do uniforme azul escuro, sem símbolos. Eles caminham parando, sem perceber, mostrando a velha e boa postura de luta humana contra um inocente, mais uma vez.
De repente, os olhos se fecham novamente; uma pancada na nuca é, sim, uma arma poderosa para calar quem pensa e sente… e se mexe! Consciência perdida por alguns minutos não constam no relatório! Novamente, desperto em uma sala; sentado na cadeira, sem poder mover meus braços, eu seria interrogado, é isso mesmo?
os documentos secretos
Onde estou e para onde vou perdem sentido quando você vê sua foto no mural da parede. A coisa parecia séria, mesmo não sabendo os motivos.
Portas de carro se fecham; os guardas se mexem; passos se aproximam; duas mulheres e quatro saltos andam firmes. Tento focar nas imagens que a mente busca escanear, mas a dor do golpe me faz perder a pouca consciência que me restava e, novamente, desmaio.
Desperto com água gelada; a visão embaçada ajuda enxergar sua alma. Assim vejo quem se posiciona à frente. Pessoas boas, me pareciam, mas com documentos secretos nas mãos e distintivo no peito, nada parecia que ficaria bem.
Alguém puxa minha cabeça para trás pelos cabelos; os olhos buscam fixar no alvo que me ameaça. À frente, um interrogatório começaria. Para minha surpresa, nada parecia como antes!
o acusado precisa de provas
Os segundos eram marcados no relógio e, assim, ela se entregou. Um leve pigarro e a mão no quadril me mostraram o que seria o começo do maior problema. E a língua, programada para falar, aparece para complicar o que não tinha mesmo solução.
— A senhora não resolverá esse caso; prefere ficar longe de casa, né? Aqui é confortável, pois está segura do seu marido.
Os papéis se invertem e seus olhos arregalam-se para confirmar a surpresa de algo que ela nunca imaginou alguém próximo e distante saber. Eu aproveito o abalo e emendo:
As duas mãos no quadril confirmam o caminho do suor que sai pelos dedos, mostrando o medo e a ansiedade que proliferam internamente. Logo, os sapatos estarão encharcados. Sem pestanejar, ela dá o troco:
GUARDAS LEVEM-NO E MOSTREM COMO TUDO POR AQUI ACONTECE!
ferrei-me mais uma vez
Os guardas entram. Eu olho, e o segundo abaixa a cabeça. Seria alguém que me conhece? Sim, era o “X TUDO”, um antigo colega do ensino médio. Estava salvo, se não fosse o apelido que eu mesmo coloquei nele. O primeiro e todos os socos foram para devolver o que eu havia dado pra ele quando criança!